Diário de Bordo - Sérgio

 

25/12/2005

Após dormir até tarde para recuperar o sono perdido do dia anterior, fomos para a casa dos avós das crianças e lá almoçamos com o Sr. Guilmar, Dna. Ynaiê, Magali, Marilena, Antonio Carlos e Lu. Comemos muito também mas, antes de deixar a preguiça me pegar, já fui levar a Lu em casa e voltar rapidinho para pegar as crianças. Era importante voltar para Ubatuba logo, pois dia 26 a estrada estará uma loucura. Após uma volta tranqüila, apesar de um fluxo já grande de automóveis, encontramos o Fandango em ordem e encostado no píer. Resolvemos dormir no píer, pois não tínhamos disposição de ir para o Flamengo, de tanto cansaço. Para ter sonhos “mágicos” ainda lemos um pouquinho de Harry Potter antes de dormir.

 

26/12/2005

Acordei cedo com os pernilongos sobrevoando e picando e com os barulhos dos barcos de pesca e marinheiros. Hoje é dia de arrumação e abastecimento para continuarmos nossa viagem. Tomamos café no Hisashi, fomos ao mercado, mercearia, outro mercado para tentar achar uns chás da Clight que as crianças gostaram muito e risotos prontos que estão acabando e também não encontramos no segundo mercado, gelo no Hisashi novamente, abastecer de água no pier, deixar a chave do carro com o Adelson que vai guardá-lo para nós, abastecer de diesel e... PRONTO !!!

Ufa! Quando eram 3 horas da tarde estávamos indo para o Flamengo. Chegando lá, aproveitei para fazer umas coisas que precisavam ser feitas logo: pendurar um gancho no fundo das camas das crianças para elas pendurarem sacos de brinquedos que ganharam e colocar um gaveteiro que a Carol ganhou para colocar miudezas. Findo o trabalho, inclusive encher o bote que estava vazio, quando íamos para a praia pensando em encontrar os amigos da Filhote 2 que estavam numa poita, eles estavam ligando o motor para ir embora. Que pena, mas às vezes os desencontros acontecem. Aproveitamos a praia no final de tarde, fizemos um churrasco no começo da noite. Após o churrasco, fiz a navegação para o dia seguinte e aproveitar para ensinar as crianças a fazê-la, utilizando-se carta náutica, régua paralela e também os conceitos e forma de calcular rumos verdadeiros e magnéticos. Lemos Harry Potter e fomos dormir, com os planos de acordar cedo dia 27 e ir para a ilha das Couves.

 

27/12/2005

Levantei às 7 horas e, após fazer o diário do dia anterior,comecei as arrumações para podermos seguir para a ilha das Couves. Várias coisas tinham que ser guardadas para não caírem e, após tudo arrumado, chamei as crianças para sairmos. Elas levantaram logo com a ansiedade de conhecer um novo lugar e então começamos todos a fazer as tarefas de partida: Jonas e Carol levantaram a mestra, eu soltei o leme, liguei o motor, guardamos o remo, o Jonas passou o cabo de segurança extra para rebocar o bote (já escutei falar de vários botes perdidos porque o cabo que o segurava arrebentou e eu já quase perdi um) e depois foi soltar a poita. Às 8:25 hs deixamos o Flamengo, ponto de parada muito importante da nossa viagem, onde nos acostumamos com a vida à bordo e pudemos mudar o ritmo de nossas vidas para nossas novas rotinas. Deixando o Flamengo para trás e ansiosos por novos lugares e gentes, navegamos até a ponta da Espia e tomamos o rumo da ilha das Couves. Fomos fazendo o café da manhã ao longo do caminho, com rabanadas que haviam mandado para nós de São Paulo. O dia estava lindo, nenhuma frente fria prevista e sem vento. Após meia hora de navegação, chegou o vento bem na cara, que trouxe um pouco de ondas também. Como os planos para os próximos três dias eram ir até Couves e conhecer também Prumirim, Almada e ilha dos Porcos, vi que era besteira continuar com o vento na cara para Couves. Com uma pequena mudança de planos e rumo, seguimos para a ilha do Prumirim, o que resultou numa bela velejada com orça folgada. Passamos na frente da cidade de Ubatuba, praia vermelha, praia de Itamambuca, praia do Félix e finalmente chegamos em Prumirim quando eram quase 11 horas. Do barco vimos a praia da ilha, que é maravilhosa e logo estávamos ansiosos por descer. Ancorei à esquerda de quem olha a praia do mar, que é abrigado do vento sudoeste (o mais perigoso por aqui), mas como o vento estava batendo de leste, o barco balançava muito. Descemos na praia com o bote e o motor (a Carol foi nadando) e haviam algumas pessoas lá, que vieram em outros barcos. A praia é maravilhosa. Ela é triangular e repleta de conchas. Após um reconhecimento da praia, pegamos as máscaras e fomos pegar conchas dentro da água (onde estão as mais bonitas). O sol se escondeu e, com o vento, começou a esfriar um pouco. Enquanto estava na praia vi o vento tinha aumentado e o barco jogava muito. Resolvemos ir para o barco e mudá-lo de lugar. Chegando lá, vi que a decisão era acertada, pois ia ser difícil ficar no barco do jeito que ele caturrava ancorado ali. O vento estava na faixa dos 18 nós. Levantei a âncora com o Jonas no controle do motor e do leme, demos a volta na pontinha da praia onde tem um banco de areia e ancoramos do outro lado (à direita de quem olha a praia do mar). A diferença foi gritante. Apesar do vento continuar soprando forte, estávamos protegidos das ondas pela praia. Ficamos no barco fazendo várias coisas, comemos mais um pouco e as crianças começaram a brincar de esculpir em madeira. Dormi meia hora, arrumei as varas de pesca e depois começamos a fazer o jantar: contra-filé na churrasqueira com miojo que as crianças fizeram. Após um pôr-de-sol maravilhoso, ficamos lendo Harry Potter no cockpit bem juntinhos e com cobertores em cima de nós. De vez em quando eu apagava a luz de leitura para ver as estrelas e o belo contorno deste mravilhoso litoral norte de Ubatuba (que, segundo nosso amigo Dimitri do Eco-Resort Itamambuca, é o mais belo de Ubatuba – começo a achar que ele tem razão).

 

28/12/2005

Ao levantarmos fomos fazer uma aventurazinha: subir numa ponta da Prumirim que achei que dava para encostar com o bote. Quando nos encaminhávamos para lá, vimos alguns barcos descendo pessoas lá (provavelmente pescadores). Chegamos bem devagar e subimos nas pedras. O lugar é belíssimo: ondas estourando, poças de água sobre as pedras e uma vista das ilhas em volta maravilhosa. Após algum tempo fotografando e filmando, retornamos e fomos para a praia mais um pouco. Esperávamos que nosso amigo Dimitri pudesse vir com a esposa Sirleine e as filhas Carolina e Thaís, mas, infelizmente ele não pode vir. Quando retornamos ao barco para zarpar para nosso próximo destino, tive uma surpresa desagradável: o barco tinha girado, a âncora foi laçada pela corrente e ele derivou um pouco. Vou ter que fechar o buraco da manilha maior que laçou a corrente para que não aconteça novamente.

Ao sairmos para nosso próximo destino, Praia do Almada, vimos golfinhos ainda em Prumirim. Era um bando de sete e ficamos em volta deles um pouco. Após o encontro, bem perto desta vez, seguimos para a tão falada praia do Almada. Para mim era uma expectativa grande, pois me deram boas referências do lugar. Quando cheguei, a decepção também foi grande. Talvez por estarmos em período de festa e muita gente estar de férias, a praia estava abarrotada de gente, com vários barzinhos e vi vários carros por lá. Mesmo assim descemos, as crianças aproveitaram para andar de caiaque, dei uma andada pela praia, comemos batatas fritas e voltamos para o barco. Como estava tranqüilo no local, resolvemos dormir por lá. Mesmo assim, cerca de 9 horas da noite começaram a soltar fogos, mas não incomodou, pois estávamos lendo Harry Potter e ainda acordados. Pouco depois encerrou o barulho e dormimos tranqüilamente lá mesmo, que parece ser um paraíso fora de temporada.

 

29/12/2005

Levantamos às 7:30 horas para ir para a Ilha das Couves cedo para aproveitar bem. Aqui em Ubatuba é assim: se o tempo amanhece bom, temos que acordar logo e aproveitar bastante, pois às 15:00 hs mais ou menos começa a esfriar, ventar e ficar nublado. Assim, após acordar e enviar/receber e-mails, zarpamos. Novamente encontramos um monte de golfinhos (uns dez desta vez) e fiz boas fotos deles. Após um tempo começamos a seguir para as Couves e, pouco depois, o motor esquentou de novo. Colocamos o motorzinho de popa e chegamos lá sem problemas. Logo fui ver o que tinha acontecido: o rotor que eu havia colocado para testar todos os problemas de refrigeração da outra vez, que já não era novo (coloquei mais para testar e acabei deixando porque funcionou bem), descolou o miolo de ferro do rotor de borracha. Foi só trocar por um novinho em folha e voltou a funcionar normalmente.

Na ilha, fomos fazer um mergulho numa água com mais de dez metros de visibilidade. Peguei um badejo que se transformou em ceviche e um homem que estava caçando também viu uma raia jamanta. Vi ainda um grande baiacu, peguei uma estrela-do-mar das grandes (pesava mais de um quilo e meio) para as crianças verem de perto (devolvida ao fundo logo após) e perdi um badejo grande.

Em seguida fomos para a praia e as crianças brincaram com um garotinho, pegando pequenos caranguejos.

Tentei mais um peixinho no ilhote das Couves, que dá um mergulho lindo, mas os peixes que se aproximaram eram pequenos. Ao retornar para o barco, fui jogar fora umas bolachas que molharam no bote e umas 10 gaivotas começaram a comê-las. Filmamos, fotografamos e elas ficaram um bom tempo sobrevoando o barco. Chegaram a ficar a dois metros do barco.

Acho que os melhores mergulhos e as melhores estórias de mergulho que tenho foram na ilha das Couves, sempre com um grupo de amigos do peito e muito queridos. Queria muito trazer as crianças até aqui e mostrar: “olha, foi ali que aconteceu a estória do Mario Celso mergulhando com o paralelepípedo na cintura”;“olha, foi ali que eu achei a costela de baleia”;”olha, foi ali que nós estávamos subindo voltando de um mergulho autônomo quando alguém deu descarga na traineira para a qual voltávamos e começamos a achar estranhas aquelas algas brancas e compridas (papel higiênico), na direção da qual estávamos indo”. Eles iam curtindo conhecer os lugares e o comentário geral foi que Couves é o lugar mais bonito pelo qual passamos até agora na viagem.

Quando começou a esfriar almoçamos, fomos fazer diários e algumas arrumações para amanhã seguirmos em direção à Parati, onde tantas outras estórias aconteram. Após mais dois capítulos do Harry Potter 6, caímos no sono.

 

30/12/2005

Adordei às 5:45 hs para sairmos para Parati. Deixei as crianças dormindo, arrumei as poucas coisas que faltavam e subi a âncora às 6:00 hs. Saímos no motor, pois não havia nem sinal de vento. Já sabia que ia ser assim: sem vento para ajudar, mas com o mar bem calmo. Pouquíssimo tempo depois de sair, fui premiado com um belo nascer de sol no mar. Em pouco tempo a ilha das Couves já ia desaparecendo e o lindíssimo litoral ia se descortinando: Camburi, Trindade, Laranjeira, etc. As crianças acordaram às 10:00 hs. Dobramos a afamada Ponta da Juatinga quase 11:00 hs e depois relaxei. Tinha feito a viagem em baixa rotação do motor e, conseqüentemente em baixa velocidade, pois não estava confiando muito nele e só tinha mais um rotor. Quando já nos encontramos em águas abrigadas, paramos para um banho de mar, entrou um ventinho e tentamos velejar. Foram uns 15 minutos de boa velejada e o vento sumiu. Isso aconteceu mais umas três ou quatro vezes depois. A nossa esperança de peixe para o jantar morreu quando precisei tirar a vara da popa por causa do trânsito de barcos. Os peixes não quiseram nada com a nossa isca. Chegamos na marina Refúgio das Caravelas, que deverá ser nossa base de apoio nos próximos dois meses às 16:30 hs. Só foi duro de achar a marina, pois ela não respondia no rádio e algumas pessoas deram informações desencontradas. Na marina o pessoal foi extremamente simpático e cordial, confirmando as informações que eu havia recebido deles. As instalações também são muito boas. Logo as crianças encontraram um garoto que havia estudado vários anos com eles: o Diego. Foram pescar com ele no píer enquanto eu esperava o tão aguardado “almojanta” (o restaurante também é muito bom). Pouco tempo depois também vi vários barcos e gente conhecida da ilha: o Pedro do Gipsy, que morou em Ilhabela muito tempo; o barco Vadio, que era nosso vizinho de poita; o Armação, concorrente de várias regatas na marina ao lado entre outros que estavam curtindo as águas de Parati no Reveillon. O Diego pegou um peixe: uma bela betara (ou perna-de-moça), tão conhecida minha das minhas pescarias na Praia Grande quando pequeno.

Quando acabamos de jantar, a Lu e a Mônica chegaram de São Paulo para passarem alguns dias conosco. Aproveitaram a nossa sobrinha do jantar (dois pratos deram para nós cinco, e o Diego ainda comeu um pouco conosco). Após o “reconhecimento”, trouxe o barco para o píer e fizemos a carga das malas e um montão de coisas boas que elas trouxeram para comermos. Depois uma piscina aquecida (é, até isso a marina tem) e um bom banho de água doce. Quando retornamos ao barco para sairmos do píer e ir até a poita, tentamos sair, mas a maré estava muito baixa e encalhamos um pouco. Desistimos de sair, retornamos o barco à posição anterior e, após um pouco de Harry Potter, fomos todos dormir, muito, muito cansados.

 

31/12/2005

Dia de Reveillon!!! Acordei às 6:15 hs para tirar o barco do píer (se esperasse mais, a maré estaria novamente baixa), mas voltei rapidinho para a cama e acordamos eram mais de nove horas. Fizemos um café da manhã, saímos com o barco para comprar gelo e então começamos a passear pela baia de Parati. Passamos pela ilha da Bexiga, Duas Irmãs, Rasa, até resolver ir até a enseada de Jurumirim. Resolvemos ancorar e, após duas tentativas frustradas de parar numa praia, resolvemos mudar e parar na praia de Jurumirim, tão falada por Amyr Klink. A âncora parecia não ter segurado muito, mas após algum tempo deu a impressão de estar firme. Tentei mergulhar para cravá-la, mas não se enxergava nada. Como o barco parecia estar firme, descemos na praia, mas pouco tempo depois vi o barco se deslocando e nadei rapidamente até o barco. Subi, tirei-o da situação difícil e embarquei a Lu e a Mônica para me ajudar. Troquei a âncora (estava com uma âncora tipo Danforth da Fortress) por uma tipo Bruce e esta agarrou imediatamente. Boa lição: a âncora que se mostrara tão boa em fundo de areia e alguns tipos de lodo, não gostou do lodo de Jurumirim. Após um bom passeio pela praia, fiz um macarrão com atum (a comida predileta de 11 entre 10 velejadores) que foi muito elogiado e ficamos no barco arrumando algumas coisas e brincando. Quando começou a anoitecer, a Mônica e a Lu dormiram um pouco para agüentar até a meia-noite. Enquanto isso, li dois capítulos do Harry Potter para as crianças e, às 22:30 hs começamos a arrumar a ceia de reveillon. Comemos muitíssimo bem as coisas gostosas que as meninas trouxeram. O Jonas e a Carol prepararam então o Yemanjá, barquinho que fizeram para soltar no reveillon. Perto da meia-noite acenderam a vela e o soltaram ao sabor do mar e do vento. Acabou 2005 e, no início deste 2006, ano de viagem e aventuras, nos cumprimentamos todos e ficamos vendo a luz do Yemanjá se afastando e os fogos queimando ao norte de Parati, na lindíssima enseada protegida de Jurumirim, palco de tantas partidas e chegadas de Amyr Klink.

Que 2006 nos leve todos ao sabor do mar e do vento, como levou o Yemanjá, e que todos os amigos que me lêem possam sentir como é bom e importante se deixar levar. Alguém já escreveu: “Não posso controlar o vento, mas posso regular as velas e meu rumo”.

 

01/01/2006

O primeiro dia do ano começou na preguiça: dormimos até tarde e, após um bom café da manhã, fomos para a praia. Todos brincamos muito, passeamos pela praia e acabamos almoçando um ótimo peixe com fritas, arroz e feijão no barzinho do Engenho, que fica num canto da praia de Jurumirim. Após o peixe, mais uma caminhada pela praia e fomos descansar no barco, onde coloquei uns elásticos fortes no toldo para facilitar sua colocação. Foi ótimo, pois logo começou a chover e ventar muito. Relaxamos e lemos os dois últimos capítulos do Harry Potter 6. Durante a leitura, a Mônica e a Lu apagaram. Ninguém estava com muita fome e a pedida foi uma sopinha da Vono antes de dormir. A chuva continuava e a noite estava propícia para um bom sono.

 

02/01/2006

O dia amanheceu chuvoso e fizemos um café da manhã bem demorado, mas muito gostoso: torradas com manteiga, geléia, chá, doces, etc. Mesmo o tempo chuvoso não nos atrapalhou: tomamos um ótimo banho de mar, pois a água estava quente, fomos até a praia de Jurumirim e brincamos bastante com as raquetes de frescobol e as bolinhas, inventando jogos. Até de pega-pega brincamos, para correr um pouco. Ao voltar para o barco, almoçamos uma picanha suculenta e, enquanto as crianças jogavam um joguinho que inventaram com a Mônica, eu e a Lu fomos passear de botinho até uma ponta da praia de Jurumirim. A água estava clara e vimos tartarugas, peixinhos e vi um bom robalo. Essa ponta da praia é maravilhosa. Amanhã pretendemos mergulhar lá.

De volta ao barco, tomamos um bom banho. Os nossos banhos, quando estamos em lugares de água limpa, tem sido de mar. Tomamos o banho usando shampoo para nos ensaboarmos e, quando saímos da água logo nos enxugamos para retirar o sal. O único problema a bordo é que as toalhas estão todas úmidas e, com a chuva, não estão secando.

Após o banho, fiz o jantar: risoto de curry, polenta e frango desfiado refogado com azeite e alho. Num barco nada se perde, tudo se transforma. Após o jantar, o sono bateu forte e dormimos rapidamente.

 

03/01/2006

O tempo melhorou um pouco. Chovia e parava. Acordamos todos juntos e as crianças logo foram fazer nosso café da manhã com o que restava no barco. Após um bom café, lavei a louça e fomos mergulhar no costão direito, de quem vê a praia do mar, da praia de Jurumirim. O lugar é lindo debaixo d’água também. Milhões de filhotes de peixes minúsculos ficavam flutuando sobre as pedras. Vi também oito filhotinhos de lula bem pequenos num cantinho entre duas pedras. Achamos duas estrelas-do-mar das grandes e ainda vi a tartaruga de ontem bem de perto. Nós também vimos um cação-viola de uns 40 cm no fundo. Eu estava tentando caçar, vi muitos peixes de bom porte para comermos, entre vermelhos, budiões e outros. Mas eles foram bem mais rápidos que eu.

Voltando ao barco, ainda tivemos um período de sol que deu para secar nossas toalhas, mas depois começou a chover de novo. Resolvemos voltar para a marina para abastecer e as meninas (Lu e Mô) precisavam assumir o quarto que alugaram até dia 10 de janeiro. Voltamos curtindo a paisagem e os planos eram dar um pulo em Parati à noite. O cansaço, o recomeço da chuva e alguns problemas com alguns telefonemas que eu dei nos desanimaram de ir para a cidade e resolvemos jantar na marina. O pessoal do restaurante foi muito atencioso e estendeu um pouco o horário do jantar por nossa causa. As crianças ainda ficaram um pouco brincando na piscina aquecida e, após um bom peixinho (infelizmente, não pescado por mim) com purê, legumes, arroz e feijão, eu, o Jonas e a Carol voltamos para o barco. Fiquei trabalhando até tarde e, pensando nos problemas, dormi esgotado.

 

04/01/2006

Antes da sete já estava de pé e comecei a mandar vários e-mails que precisava. Após uns telefones chamei as crianças para o café. Antes do café, fazer diário do dia anterior. A chuva ainda caia e o tempo estava bem fechado. No café, resolvemos tirar o dia para passear em Parati e fazer compras de coisas que precisávamos. Comprei um rotor de bomba d’água novo, para ficar com dois de reserva e alguns presentes atrasados para as crianças. O Jonas quis um veleiro de madeira que, esperamos, bóie e veleje quando colocado na água. A Carol quis um puçá para tentar pegar peixinhos (ele será ótimo para embarcarmos os peixes pescados com a vara). Após andar muito pelas lojinhas de Parati e fazer mais algumas compras e tomar água de coco, fomos para uma pizzaria jantar. Após o jantar, eu e a Lu iríamos ver o teatro de bonecos em Parati. Fazem muitos anos que desejava vê-lo, mas como não permitem crianças menores de 14 anos, nunca foi possível. A Mônica se propôs a ficar com eles e consegui, finalmente, ver o tão aguardado espetáculo, que é primoroso. Quem for até Parati não deixe de vê-lo (só tem apresentação quartas e sábados). Ele está em cartaz desde 94, ou seja, já tem a idade do Jonas. Depois de um bom sorvete voltamos para a marina e, embaixo de chuva, remei até o barco. Após trabalhar um pouco, chegou o sono merecido.

 

05/01/2006

Acordei cedo e comecei a receber e responder e-mail’s. Fomos tomar café na marina eram 10 horas. Findo o café, fomos todos até Parati fazer compras. Primeiro passamos numa ótima loja de materiais náuticos e de mergulho, onde a Lu comprou uma roupa de neoprene nova. Depois fomos fazer compras. O supermercado grande, logo após o trevo de Parati, tem muita variedade, mas o preços são de 20% a 30% mais caro que na Ilha. Após um monte de compras para abastecer o barco, voltamos para a marina. Lá chegando, comecei a carregar as coisas para o Fandango. Estranhei que ele estava fora de posição (estava quase lado a lado com o barco que antes estava atrás dele) e pouco depois percebi que ele estava se movendo. A manilha da poita havia se soltado (todo o material era novíssimo, mas com o movimento a manilha desrosqueou). Mudamos rapidamente o barco de poita e acabamos de carregar o barco. No meio disso tudo, ainda houve uma procura da chave do carro da Mônica, que havíamos perdido. Fomos comprar gelo de bote, mas não achamos. Tivemos que comprar um pacote só de gelo picado, que foi usado só para conservar as coisas de geladeira, o que nos faria ficar sem bebidas geladas (o que não faz muita falta também). Quando estava tudo quase pronto, bateu a fome nas crianças e elas fizeram um miojo para todos. No final do miojo acabou o gás de cozinha. Eu tinha estimado o consumo em um bujão para 20 dias. O primeiro (e bem usado) durou 26 dias: nada mal. Devo lembrar que uso o bujãozinho pequeno de 2 quilos. Após o almoço troquei o bujão e seguimos para a ilha da Cotia. Fomos apreciando o lindo litoral e, no finalzinho da tarde, ancoramos atrás da ilha da Cotia, onde já haviam vários barcos. Eu e a Lu deitamos um pouco para descansar e apagamos. Ela dormiu direto e eu acordei eram mais de 10 horas da noite para dar algo para as crianças comerem (aliás, eles já estavam se virando com batatas fritas e bolachas). Elas ficaram horas fazendo aulas de navegação e de nós para a Mônica. Após curtir um pouco a linda noite no cockpit, fomos todos dormir.

 

06/01/2006

O tempo melhorou mesmo. Não choveu durante a noite e, mesmo com o tempo um pouco encoberto, o dia estava bonito. Fizemos um excelente café da manhã e todos fomos até a praia da ilha da Cotia. Atravessamos a ilha e ficamos brincando e curtindo a linda prainha que sempre me traz ótimas recordações (o Luís e a Mariana que o digam!). Voltamos ao barco e resolvemos ir até a ponta da Ilha da Cotia ver uma prainha com coqueiros. Fomos remando, os cinco no meu pequeno bote e demoramos um bocado para chegar (era mais longe do que parecia). Lá, a praia se mostrou mais bonita ao longe do que de perto. É meio ruim para andar, pois tem muitas conchas afiadas e ainda tem um cachorrão (caímos fora antes de encontrá-lo, mas vimos as marcas de suas patas na areia). Voltamos ao barco e saímos para mergulhar. Paramos numa bonita enseada protegida na ilha do Algodão e fizemos um belíssimo mergulho. A Lu estreou a roupa de neoprene nova e gostou muito. A água estava bem fria e a roupa passou no teste. Eu tentei pegar uns peixes, mas só encontrei peixes pequenos. Vi uma raia, muitas estrelas grandes e uma moréia. Enquanto estávamos na água uma mutuca ou vespa mordeu a Carol, que estava no barco. Mas ela logo se recuperou e logo estava mergulhando conosco. Voltamos ao barco e fizemos um churrasco com risoto e picles, que me pai havia me dado no Natal. Após o almoço, que fez sucesso, fomos dar uma pequena volta pelo Saco do Mamanguá, que é maravilhoso e merece uma visita com mais tempo, numa outra vez. Voltamos ao nosso ancoradouro atrás da ilha da Cotia e a Lu manobrou o barco para a ancoragem. Beliscamos alguma coisa, batemos papo até as 22:30 hs e fomos dormir.

 

07/01/2006

O dia amanheceu novamente muito bonito. Tomamos o tradicional café da manhã reforçado e fomos até Parati-Mirim. A única que já conhecia o lugar era a Mônica. Ancoramos do lado esquerdo de quem está olhando a praia a partir do mar, perto de um banco de areia e umas pedras, o que me deixou receoso. A Carol e a Mônica foram para a praia nadando. Depois de um bom tempo no barco para me certificar que o barco estava bem ancorado, pegamos o bote fomos todos para terra. A praia é lindíssima. Tem vários barquinhos que levam turistas e ficam parados na areia. No canto oposto ao que descemos, existe um rio e um lindíssimo manguezal, que vale a pena ser visitado com bote (em outra ocasião vou fazer isso). Também existem ruínas de várias casas antigas e uma linda igrejinha, cujas paredes devem ter um metro de espessura. Acabamos vendo um pouco dela pelos buracos das fechaduras. Depois de curtir um pouco a praia, voltamos ao barco e fiz mais um churrasco para acabar com a carne. Já estava ficando tarde e resolvemos voltar à Parati para comprar mantimentos e, talvez ir até Ilha Grande no dia seguinte. Na volta, viemos curtindo lugares, velejando e brincando de azucrinar os outros (que é a brincadeira preferida a bordo). Sempre tem um que é a bola da vez e que todos passam a perturbar. No meio do caminho resolvi forçar um pouco mais a rotação do motor para ver como ele se portava. Resultado: o rotor da bomba d’água abriu o bico de novo. Parece que quando aumento a rotação e o motor precisa de mais água para refrigerar o fluxo de água não é suficiente, a água esquenta e estoura o rotor. Bem, coloquei o motorzinho de popa e entrei para trocar o rotor. Recolocado o rotor, tornei a ligar o motor principal que nos levou até a marina. Descemos para terra e fomos jantar no restaurante da marina. A Carol e o Jonas dormiram com a Mônica na pousada e a Lu ficou comigo no barco, onde curtimos uma maravilhosa lua crescente com Parati iluminada ao fundo.

 

08/01/2006

Acordei cedo e refiz a vedação da tampa do rotor da bomba d’água, que estava vazando um pouco. Aproveitei para me conectar para receber e enviar e-mail’s e quando eram 9:00 hs fomos para o café. A Lu estava se sentindo muito cansada, dolorida e com dores de garganta: pegou uma boa gripe em função da chuva que pegamos em Parati no dia 04/01. Meu braço esquerdo também doía em função de uma lesão em Ilhabela antes de viajar e, portanto, resolvemos tirar o dia para todos descansarem. As crianças ficaram na piscina o dia inteiro. A Lu ficou de cama. Eu e a Mônica fomos fazer compras de manhã e de tarde eu dormi um pouco também. No final da tarde fomos até a praia do Jabaquara (a Lu ficou em companhia do “Cem Dias entre Céu e Mar” do Amyr Klink na marina) e lá conhecemos uma praia bem diferente. A água é turva e lodosa. No canto esquerdo da praia tem uma verdadeira piscina de um lodo cinza-escuro. Quem entra fica com o lodo todo grudado no corpo. Haviam várias pessoas lá e adivinha se a dona Carolina não resolveu entrar também! Resultado: ficou parecendo o “monstro do pântano”. Ela se lavou e demos uma volta pela praia, que é bonita no final de tarde, mas pela quantidade de barzinhos tocando todos os tipos de música, acho que não gostaria do lugar se tivesse chegado mais cedo. Após um sorvete em Parati, voltamos para a marina. Pedimos uma sopa para jantar (que estava divina) e eu, Jonas e Carol voltamos para o barco para dormir. Só que antes de dormir, tivemos que colocar em dia os diários atrasados pelos passeios.

 

09/01/2006

Acordei bem cedo com o sol e logo fui colocar fotos nos diários. O dia estava maravilhoso. Fomos para a marina tomar café da manhã e a Lu já estava melhor. Após o café, as crianças ficaram na piscina brincando e eu fui comprar mais um rotor reserva para o motor com a Lu e a Mô. Resolvemos então fazer um passeio “light” por causa da Luciana e escolhemos a ilha Rasa. Sabíamos que lá tem um restaurante e vimos uma linda prainha quando passamos por lá outro dia. Como é perto e ela tinha boa cobertura contra o sol, lá fomos nós. Pegamos uma poita bem em frente à ilha e descemos (a Carol e a Mô foram nadando, como sempre). O lugar é maravilhoso e surpreendeu a todos. Algumas cotias andam soltas, toda a ilha foi muito bem aproveitada, criando um lugar especial para passar algumas horas. Algumas crianças pescavam e o Jonas e a Carol ficaram perto vendo a pescaria. O lugar só não é barato, mas pedimos uma porções e ficou razoável. Passeamos pela ilha, fotografamos muito e ficamos vidrados em uma casinha que fizeram numa ponta, que deve ser do dono da ilha. Mergulhei e vi muitos pepinos-do-mar e também algo que nunca tinha visto: várias lesmas do mar escondidas entre as algas. Já havia visto umas poucas nadando, mas escondidas e em tanta quantidade nunca.

No final da tarde voltamos ao barco e fizemos um macarrão com atum. Retornamos à marina e a começou a dar uma caída na disposição da Lu. Desembarquei-a logo, ela tomou um banho quente e foi dormir. Nós caímos na piscina no começo da noite e, após um bom banho, fomos para Parati jantar sorvete. Como tínhamos almoçado bem tarde, o sorvete caiu muito bem. Ainda vimos um show de rua muito bom com alguns artistas argentinos. Findo o passeio, voltamos ao barco já depois da meia-noite para um sono muito merecido.